PARAFUSO ZERO – Expansão: Bastidores [Parte #2: Baixo Centro, Flores e texto]

Na próxima segunda-feira (13/8) entra no ar a campanha de financiamento coletivo do álbum PARAFUSO ZERO – Expansão, trabalho do quadrinista Jão em que estou trabalhado como editor. Para apresentar um pouco do processo de produção desse projeto, dei início por aqui na semana passada à série PARAFUSO ZERO – Expansão: Bastidores, apresentando vários depoimentos do Jão sobre o desenvolvimento do quadrinho e algumas das reflexões que culminaram na concepção da HQ.

No post anterior, o Jão falou sobre as origens das ideias que culminariam na criação do universo dos superseres protagonistas da PARAFUSO ZERO e de seu primeiro contato com o conceito de OuBaPo. Na fala a seguir ele comenta a aplicação inconsciente de restrições na concepção de dois de seus trabalhos mais recentes, o álbum Baixo Centro e a série As Aventuras de Flores, O Bárbaro. Ó:

PARAFUSO ZERO – Expansão: Bastidores [Parte #2: Baixo Centro, Flores e texto]

As restrições de Baixo Centro e Flores, o Bárbaro

“No Baixo Centro, a restrições que eu estabeleci de forma consciente foram: a ausência de falas, balões e textos e o grid de 12 quadros por página, com algumas exceções. A construção desse quadrinho gira em torno dessa ideia que tentei impor de que o tempo de leitura do livro seja o mesmo desse percurso feito pelos personagens. É um raio muito pequeno do Centro de BH. Se você sair correndo, o tempo em que você lê a história é o tempo que você faria o percurso dos personagens. Mas, em termos de OuBaPo, não tinha nenhum tipo de pensamento consciente na época. As coisas meio que foram aparecendo durante a produção.

Já no caso do As Aventuras de Flores, O Bárbaro… O Flores é estranho. Também não foi uma coisa muito consciente. Eu tava afim de fazer esse personagem pequenininho, ele aparecendo diversas vezes em um mesmo quadro, mas a origem desse quadrinho tá muito mais ligada à tentativa de experimentar coisas que eu não tinha feito ainda.

Eu queria que o leitor entrasse na página de outras formas, não apenas do canto superior esquerdo terminando no canto inferior direito, como uma leitura tradicional de quadrinhos. Isso foi consciente. Eu também queria colocar umas coisas de videogame. O meu irmão se formou em desenvolvimento de jogos digitais e a gente sempre troca ideia sobre games. Não é uma onda que eu piro, eu não jogo nada tem muito tempo, mas em termos estéticos é uma coisa que eu gosto muito. O meu irmão sempre me manda umas coisas novas que tão saindo ou que ele tá fazendo e acabou que eu quis incluir essas ideias no meu trabalho. Acho que essas foram as minhas decisões conscientes em relação a restrições, mas até então eu não tinha um pensamento em torno de OuBaPo”.

Texto, Galaxian e guia túristico

“O primeiro Flores tem uma diferençazinha pros dois seguintes. No primeiro, o narrador cita o Flores indo pro lugar onde se passa a história. Depois eu entendi melhor esse narrador e acho que é um dos narradores que eu criei que mais gosto. Ele é como se fosse um guia turístico desse universo, com a proposta de apresentar o universo do Flores sem ter muita interferência do que está sendo contado. Uma referência que eu tive pra isso foi o Galaxian do Lucas Ghere e do Gabriel Góes, publicado na Samba #3.

Eu acompanhei essa história no site da Samba. A história começava sempre com um texto meio rebuscado, cada página tinha só um quadrinho mostrando o que estava acontecendo, cada edição começando com uma letra em destaque. Então isso foi uma referência pra criação do Flores.

E eu não trabalho muito com texto também. É uma outra vertente do meu trabalho. Eu costumo ir pensando o meu trabalho em blocos e esse bloco do texto é um que eu ainda quero começar a explorar. Ainda tô numa espécie de fase de experimentação, pra depois retomar o uso do texto e tentar dar uma aprofundada no que ele pode representar no meu quadrinho”.

CONTINUA…

ANTERIORMENTE:
>> PARAFUSO ZERO – Expansão: Bastidores [Parte #1: origens, restrições e OuBaPo].


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