Papo com Matt Zoller Seitz, o autor de The Wes Anderson Collection

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Entrevistei pro site da Galileu o Matt Zoeller Seitz, autor do sensacional The Wes Anderson Collection, o recém-lançado livro sobre a filmografia, a vida e as influências do diretor. A conversa ficou bem legal. Ele conta que já viu um primeiro corte de The Grand Budapest Hotel e revela um pouco do que podemos esperar do próximo filme do Wes Anderson. A matéria tá aqui.

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‘Wes Anderson é o antídoto para a mesmice dos blockbusters’

Conversamos com o maior especialista na filmografia do diretor de ‘Os Excêntricos Tenenbaums’ e ‘Moonrise Kingdom’

por Ramon Vitral

Quando o cineasta Wes Anderson lançou seu curta-metragem Bottle Rocket, em 1994, o jornalista Matt Zoller Seitz estava lá. Ele acompanhou ao longo de um ano as filmagens da primeira obra daquele que se tornaria um dos cineastas mais autorais e identificáveis de Hollywood. A reportagem foi publicada no Dallas Observer e abriu várias portas na carreira do jornalista.

Quase 20 anos depois, Seitz é crítico e editor do site rogerebert.com, especializado em resenhas e matérias sobre cinema. Já Anderson, foi indicado a três Oscar e é um dos nomes mais respeitados e cultuados do cinema mundial. Juntos eles acabaram de lançar o livro já considerado definitivo sobre o diretor de filmes como Os Excêntricos Tenenbaums, A Vida Marinha com Steve Zissou, Viagem a Darjeeling, O Fantástico Sr. Raposo e Moonrise Kingdom.

“É em parte uma adaptação de uma série de cinco vídeo-ensaios que fiz sobre as obras dele”, explica o autor em entrevista à GALILEU. Com 336 páginas, The Wes Anderson Collection narra a história de vida do cineasta e apresenta suas influências, análises de suas obras e entrevistas exclusivas feitas ao longo dos anos de amizade entre a dupla. O acabamento do livro não deve em nada a qualquer direção de arte assinada pela equipe de Wes Anderson, repleto de detalhes, cores e ilustrações.

Autoridade mundial na filmografia de seu colega, Seitz ressaltou por email a importância de produções autorais semelhantes à de Anderson e revelou um pouco do que é possível esperar do próximo filme do diretor, The Grand Budapest Hotel, previsto para chegar aos cinemas dos Estados Unidos em março de 2014.

Você lembra da primeira vez em que assistiu a um filme do Wes Anderson?
O primeiro filme dele que vi foi Bottle Rocket, o curta, em 1994, quando Wes era um jovem cineasta desconhecido e eu um jovem crítico de cinema que havia começado a trabalhar em uma revista semanal de Dallas, no Texas. Fui o primeiro crítico de cinema a escrever sobre o trabalho dele, e fiz um longo artigo no Dallas Observer, o meu primeiro, acompanhando a produção da obra durante um ano todo. Está disponível no site do jornal. Vi todos os seus filmes muitas e muitas vezes, enquanto editava a série de ensaios The Substance of Style, e depois quando escrevia The Wes Anderson Collection, que é parcialmente uma adaptação dessa série de ensaios.

E como Wes Anderson reagiu quando você informou que ia fazer o livro?
Wes participou do livro com as entrevistas. Demorou um pouco para ele ser convencido a participar, já que ele é um pouco tímido em relação a se envolver em celebrações de seu trabalho. Ele gosta bastante do livro, o que é um alívio.

Como você acha que os filmes de Wes Anderson serão lembrados daqui a 50 anos?
Wes é um grande cineasta e finalmente está sendo reconhecido dessa forma, até por pessoas que já o criticaram por excesso de maneirismos, superficialidade, artificialidade ou qualquer outra coisa. Isso é um problema comum para diretores de forte apelo visual, com estilo tão único que você é capaz de reconhecer de longe, numa tela de TV pequena com o som desligado. E ele está muito bem acompanhado. Alfred Hitchcock e e Stanley Kubrick foram tratados da mesma forma cética ao longo de suas carreiras. Espero que ele seja celebrado como um mestre enquanto estiver vivo. Eu odiaria pensar nele como um daqueles diretores que apenas aos 99 anos ganha um Oscar honorário já numa cama de hospital e com um respirador.

Qual foi a descoberta mais surpreendente que você fez sobre Wes Anderson em suas entrevistas?
A maior revelação é que, apesar dele ser um planejador meticuloso, muitas de suas ideias parecem elaboradas para testar a si mesmo e seus atores e criar situações em que acidentes e improvisações podem acontecer.

Como você explica o sucesso de Wes Anderson em um mundo que valoriza cada vez mais produções pouco autorais e sem personalidade?
Significa que ainda há fome por algo que tenha uma qualidade manual. E que é óbvio o desenvolvimento da sensibilidade de alguém trabalhando em colaboração com pessoas de mente aberta, em uma escala menor do que Hollywood costuma permitir. Cineastas como Wes são o antídoto para a mesmice dos blockbusters. Ele nunca fez um filme que parecesse produto de um memorando de marketing. E duvido que ele fará.

Quais são suas expectativas para The Grand Budapest Hotel?
Já vi um primeiro corte do filme. Não quero entregar muita coisa, mas posso dizer que, visualmente, é o filme mais extravagante de Wes Anderson desde A Vida Marinha com Steve Zissou, e provavelmente seu filme mais acelerado desde Rushmore, com muita coisa em cada cena e frame. Isso sugere que ele estudou bastante os filmes de Ernest Lubitsch, Michael Powell e Emeric Pressburguer.


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